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Unidade 2


Introdução

O biomédico é capaz de interagir e trabalhar em conjunto com os demais profissionais da área da saúde com competência, para a promoção da saúde e prevenção de doenças. Ele está apto a realizar os ensaios diagnósticos, a interpretação, a análise crítica dos resultados e a gestão dos serviços laboratoriais, sempre orientados pela conduta ética e pelos interesses da sociedade brasileira.

Devido à sua versatilidade, o biomédico é um profissional requisitado na bioindústria, tal como a de produção de soros, vacinas, reagentes etc. Pode ser representante de empresas de equipamentos médicos e de pesquisa, bem como de empresas farmacêuticas. Também pode trabalhar no comércio, assumindo a responsabilidade técnica de empresas que comercializam insumos e equipamentos médico-laboratoriais.

O biomédico pode ocupar-se em laboratórios de análises clínicas, de citopatologia, imagem, medicina nuclear, biologia molecular, dentre outros. Pode trabalhar com estética, acupuntura e para o governo, no saneamento básico e na perícia criminal. Portanto ao estudante é permitido diversas possibilidades de carreira na biomedicina. Então, vamos conhecê-las?

Habilitações do Biomédico

Uma das principais características da Biomedicina é sua versatilidade. O graduado em Biomedicina pode atuar nas mais diversas áreas da saúde. Assim, é preciso que ele conheça todas as habilitações possíveis e as formas pelas quais ele pode obtê-las.

Habilitações do biomédico
1 — Patologia clínica (Análises clínicas) 11 — Embriologia e reprodução humana 21 — Informática de saúde
2 — Microbiologia de alimentos 12 — Análises bromatológicas 22 — Histotecnologia clínica
3 — Microbiologia 13 — Parasitologia 23 — Toxicologia
4 — Imunologia 14 — Citologia oncótica 24 — Sanitarista
5 — Hematologia 15 — Análise ambiental 25 — Auditoria
6 — Bioquímica 16 — Acupuntura 26 — Perfusão extracorpórea
7 — Banco de sangue 17 — Genética 27 — Biomedicina estética
8 — Docência e pesquisa em: biofísica; virologia; fisiologia; histologia humana; patologia; embriologia; e psicobiologia. 18 — Práticas integrativas e complementares em saúde     28 — Monitoramento neurofisiológico transoperatório
9 — Saúde pública 19 — Biologia molecular 29 — Gestão das Tecnologias de Saúde
10 — Imagenologia 20 — Farmacologia 30 — Radiologia
    31 — Fisiologia do esporte e da prática do exercício físico

Quadro 2.1 — Habilitações biomédicas
Fonte: Adaptado de CRBM-1 (2021).

Descrição: o quadro apresenta doze linhas e três colunas. No topo do quadro, lê-se: o título “Habilitações do biomédico”. Na coluna um, linha um, lê-se:: “1 — Patologia clínica (Análises clínicas)”; coluna um, linha dois, lê-se: “2 — Microbiologia de alimentos”; na coluna um, linha três, lê-se: “3 — Microbiologia”; na coluna um, linha quatro lê-se: “4 — Imunologia”, na coluna um, linha cinco, lê-se: “5 — Hematologia”, na coluna um, linha seis, lê-se: "6 — Bioquímica; na coluna um, linha sete, lê-se: “7 — Banco de sangue”, na coluna um, linha oito, lê-se: “8 — docência e pesquisa em: biofísica; virologia; fisiologia; histologia humana; patologia; embriologia; e psicobiologia”; na coluna um, linha nove, lê-se: “9 — saúde pública”; na coluna um, linha onze, lê-se: “10 — imagenologia”. Na coluna dois, linha dois, lê-se: “11 — Embriologia e reprodução humana”; na coluna dois, linha três, lê-se: “12 — Análises bromatológicas”; na coluna dois, linha quatro, lê-se: “13 — Parasitologia”; na coluna dois, linha cinco, lê-se: “14 — Citologia oncótica”; na coluna 2, linha seis, lê-se: "15 — Análise ambiental"; na coluna dois, linha sete, lê-se: “16 — Acupuntura”; na coluna, dois, linha oito, lê-se: “17 — Genética”; na coluna 2, linha nove, lê-se: “18 — Práticas integrativas e complementares em saúde”; na coluna dois, linha dez, lê-se: “19 — Biologia molecular”. Na coluna três, linha dois, lê-se: “21 — informática de saúde”; na coluna três, linha três, lê-se: “22 — Histotecnologia clínica”; na coluna três, linha quatro, lê-se: “23 — Toxicologia”, na coluna três, linha cinco, lê-se: “24 — Sanitarista”; na coluna três, linha seis, lê-se: "25 — Auditorial"; na coluna três, linha sete, lê-se: “26 — perfusão extracorpórea"; na coluna três, linha oito, lê-se: “27 — Biomedicina estética”; na coluna três, linha nove, lê-se: “28 — Monitoramento neurofisiológico transoperatório”; na coluna três, linha dez, lê-se: “19 — Biologia molecular”; na coluna três, linha onze, lê-se: “30 — Radiologia”; na coluna três, linha doze, lê-se: “31 — Fisiologia do esporte e da prática do exercício físico”.

A área na qual o estudante sairá habilitado da graduação dependerá do estágio supervisionado realizado. A maioria das graduações oferece estágio em análises clínicas, mas nada impede que o aluno consiga fazer seu estágio em outras áreas, como imagenologia, pesquisa, citologia, dentre outras. O aluno pode realizar mais de um estágio supervisionado e sair com mais habilitações, porém esse estágio tem que ter carga horária mínima de 500 horas ou ser correspondente a 20% da carga horária total do curso (CNE; CES, 2003).

Se durante a graduação o aluno não conseguir a habilitação na área em que deseja, fazer uma pós-graduação poderá ser a solução. Atualmente, há diversas instituições de ensino em pós-graduação que ofertam cursos específicos para biomédicos. O recém-graduado deve analisar o corpo docente da instituição e o oferecimento de estágio, de modo a se tornar um especialista. Segundo os conselhos de Biomedicina, o profissional poderá incluir a nova habilitação após concluir curso de pós-graduação (Lato e/ou Stricto sensu), desde que este seja realizado em Instituições de Ensino Superior reconhecidas pelo MEC e com carga horária mínima de 360 horas (CRBM-1, 2021).

A residência biomédica é outra forma de especialização, sendo ofertada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação. Há dois tipos de residência: uniprofissional e multiprofissional. Para fazer uma residência, é preciso que o graduado se inscreva e passe na prova de seleção. O programa de residência é de dedicação exclusiva, com bolsa de estudos (duração de 24 meses) e com carga horária total de 5.760 horas, sendo 80% voltadas para a prática em serviço (4.608 horas) e 20% teórico-práticas (1.152 horas).

FIQUE POR DENTRO

Residência biomédica

O graduado em biomedicina pode realizar uma residência para obter a habilitação que deseja, que pode ser tanto uniprofissional, ofertada apenas para uma graduação, ou seja, ofertada apenas para biomédicos, quanto multiprofissional, na qual profissionais de áreas diversas, como farmacêuticos, enfermeiros, dentre outros, também podem participar. Existe uma residência exclusiva para biomédicos, a Residência em Biomedicina no Diagnóstico por Imagem, oferecida pelo Hospital Sírio-Libanês.

Fique por dentro, acesse:

https://iep.hospitalsiriolibanes.org.br/programa-de-residencia/biomedicina-em-diagnostico-por-imagem

Fonte: Elaborado pela autora

Outra forma de conseguir habilitação é por meio da prova de título de especialista em biomedicina. Essa prova é oferecida periodicamente pela Associação Brasileira de Biomedicina (ABBIOM). Os pré-requisitos são (ABBIOM, 2022, p.1) :

● ser graduado em Biomedicina no mínimo há três anos;
● estar atuando na área em que se deseja obter o título de especialista no mínimo há 3 anos ininterruptos;
● ter inscrição definitiva no conselho de Biomedicina e estar em dia com as obrigações junto ao conselho.

Os critérios para obtenção da especialidade pela ABBIOM são: análise curricular; avaliação de conhecimentos teóricos e práticos; e entrevista. O Conselho Federal de Biomedicina não estipula limites para a quantidade de habilitações que um único biomédico pode ter. Assim, caso cumpra todas as exigências, o profissional pode ter várias habilitações.

Diagnóstico Laboratorial

Bem, como vimos, a biomedicina permite ao profissional biomédico se especializar em diversas áreas, sendo as mais conhecidas as que o permitem atuar no diagnóstico laboratorial. São elas: análise ambiental; análises bromatológicas e microbiologia de alimentos; banco de sangue; biologia molecular; bioquímica; citologia oncótica; docência e pesquisa; embriologia e reprodução humana; farmacologia; genética; hematologia; histotecnologia clínica; imagenologia; radiologia; microbiologia; parasitologia; patologia clínica; imunologia; e toxicologia. Agora, vamos conhecê-las mais de perto.

Análise ambiental

A análise ambiental corresponde ao estudo dos diversos fatores que exercem pressões no ambiente, a relação entre eles e seus efeitos ao longo do tempo. O biomédico habilitado em análise ambiental pode realizar análises físico-químicas e microbiológicas para o saneamento básico, como análise de água, ar e esgoto.

É também passível ao biomédico a emissão de laudos e se responsabilizar pelo controle de qualidade e tratamento de água e de esgoto de todos os segmentos (indústrias, domicílios, hotéis, clubes etc.), passando pelo processo de tratamento até a distribuição final, tanto humano como ambiental (CFBM, 2002).

Os biomédicos podem trabalhar em Análise Ambiental para empresas públicas e privadas, prestando consultoria em questões relacionadas ao meio ambiente, coordenando inspeções ambientais, participando do monitoramento de amostras de água e solo. Para obtenção da habilitação em Análise Ambiental o biomédico pode realizar 500h de estágio supervisionado durante a faculdade ou realizar especialização na área, em instituição reconhecida pelo MEC e pelo CFBM (CFBM, 2002).

Pesquisa e docência

O curso de biomedicina foi inicialmente gestado para fornecer profissionais preparados para o exercício da docência e da pesquisa. Ambas podem ser realizadas nas áreas de biofísica, virologia, fisiologia, histologia humana, patologia, embriologia, genética, farmacologia, psicobiologia, dentre outras áreas da saúde.

Com o bacharelado, o biomédico pode atuar na docência no ensino superior. Contudo é permitido ao biomédico atuar na educação básica e profissional desde que ele tenha licenciatura (CFBM, 2006). Se desejar seguir pela carreira de docência no ensino superior e na pesquisa científica, o biomédico deve realizar, após formado, mestrado e doutorado na área de interesse.

Patologista clínico (análises clínicas)

A área de análises clínicas, também denominada patologia clínica, abrange diversas funções laboratoriais e tem como foco o diagnóstico, o tratamento e a prevenção de doenças. Ela está regulamentada pelas Leis n° 6.686, de 11 de setembro de 1979, e n° 7.135, de 26 de outubro de 1983, e pela Resolução n° 78, de 29 de abril de 2002 do CFBM. O Biomédico habilitado em análises clínicas está apto a realizar exames bioquímicos, hematológicos, imunológicos, microbiológicos, parasitológicos, de biologia molecular, dentre outros; também está apto a assumir chefias técnicas, assessorias e direção dessas atividades.

O biomédico é o responsável por todas as etapas entre o momento do pedido do exame, a obtenção da amostra (sangue, urina e outros fluidos corporais), a realização e a interpretação dos exames, a elaboração do laudo e a expedição do resultado para o paciente. Assim, as três etapas do processo analítico de responsabilidade do biomédico são: pré-analítico; analítico; e pós-analítico.

Conforme as regulamentações da ANVISA RDC 222/2018, CONAMA n° 283/01 e n°358/05 e NR-32, todo serviço de saúde, seja ele em hospitais, clínicas, estabelecimentos de ensino e pesquisa, centros de controle de zoonoses, dentre outros, necessitam da elaboração e implantação de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Serviço de Saúde — PGRSS. Esse documento descreve como os resíduos nos serviços de saúde serão segregados e descartados. O biomédico é um profissional apto a elaborar e colocar em prática o PGRSS, sendo a ele possível assumir a responsabilidade técnica de até 2 estabelecimentos de saúde.

Plano de Gerenciamento de Resíduos Serviço de Saúde — PGRSS

Fonte: freepik / Freepik.

Descrição do infográfico: há um infográfico interativo. No topo dela, há o título “Plano de Gerenciamento de Resíduos Serviço de Saúde — PGRSS”. Logo abaixo, temos 4 botões. Ao clicar em cada um dos botões, abre-se uma descrição, na respectiva ordem: “Objetivo do PGRSS - Orientar os profissionais sobre a necessidade e o modo de descarte adequado dos resíduos em serviços de saúde, devido ao seu potencial contaminante, além de buscar meios de reduzi-los e proporcionar a eles uma destinação final adequada”; “Classificação dos resíduos - Os resíduos de estabelecimentos de saúde são divididos em 5 grupos de A a E. No grupo A, estão os resíduos biológicos, como bolsas de sangue; no grupo B, estão os produtos químicos, como medicamentos; no grupo C, estão os radioativos, como os radioisótopos utilizados em medicina nuclear; no grupo D, está o lixo comum, como papel e alimentos; e, no grupo E, estão os perfurocortantes, como agulhas e bisturis”; “Etapas do PGRSS - Os resíduos devem ser separados, acondicionados e identificados conforme o grupo ao qual pertence. Depois, devem ser armazenados em uma sala de resíduos interna. Quando for o dia da empresa responsável pela destinação final recolher os resíduos, estes devem ser direcionados ao abrigo de resíduos externos. A empresa deve realizar o transporte, o tratamento adequado e a disposição final”; “Tipos de destinação final - Resíduos do grupo D podem ser reciclados ou descartados em aterros sanitários. Os do grupo A podem ser autoclavados e, depois, descartados em aterros sanitários ou incinerados. Os do grupo B podem ser inativados ou incinerados. Os do grupo C precisam sofrer decaimento, e os do grupo E costumam ser incinerados. Fonte: CFBM (2006)”. Há uma ilustração, ao lado direito, de uma lata de lixo amarela com o símbolo de lixo tóxico. Há ilustrações de vírus e outros resíduos hospitalares ao redor, representando a necessidade do descarte adequado desse material.

A área de análises clínicas não é exclusiva dos biomédicos, contudo, com os anos, nós nos tornamos os melhores profissionais para a função. Assim, temos muito prestígio na área. O biomédico habilitado em patologia clínica pode exercer a profissão tanto em instituições públicas quanto privadas, nas mais variadas posições. Também é possível a este profissional empreender e, assim, ser dono de seu próprio laboratório de análises clínicas, oferecendo serviços a empresas, a convênios e ao público em geral. O biomédico, além de habilitado em patologia clínica, pode se especializar e adquirir mais habilitações, como a de biologia molecular, genética, bioquímica, microbiologia, imunologia e parasitologia.

Banco de sangue e hematologia

O biomédico está autorizado a trabalhar em bancos de sangue e em hematologia pelas resoluções CFBM n° 78, de 29 de abril de 2002 e n° 227, de 7 maio de 2013, e pela e RDC Anvisa n° 57, de 16 de dezembro de 2010. A função do biomédico no banco de sangue é de assessorar e executar o processamento semi-industrial e industrial do sangue e seus correlatos. Cabe a ele também realizar procedimentos técnicos de banco de sangue, como a separação de hemocomponentes e hemoderivados, análises hematológicas pré e pós-transfusionais e exames para detecção de doenças, como hepatite C, HIV, sífilis e Doença de Chagas. Portanto o biomédico que atua em bancos de sangue realiza os exames necessários para garantia de qualidade e segurança das bolsas transfusionais, bem como analisa as características do sangue do doador e do receptor, de modo a evitar que ocorra alguma rejeição ao sangue transfundido.

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Olá, estudante! Neste podcast, vamos falar sobre perícia criminal. Vamos lá?
O biomédico, independentemente de sua habilitação, pode realizar as provas das polícias civil e federal para ser perito criminal. Após passar no concurso, o profissional deve realizar um curso da polícia, que pode durar de 4 a 6 meses, para treinamento nas técnicas de perícia. O biomédico, devido ao amplo conhecimento em técnicas de análises laboratoriais, se dá muito bem nessa área.
A perícia criminal é a responsável por analisar os materiais obtidos na cena de um crime. Seus resultados serão utilizados no processo criminal para a condenação ou a absolvição dos envolvidos no crime. A ciência forense é multidisciplinar e envolve física, biologia, química, matemática e várias outras ciências.
Os conhecimentos específicos utilizados pelos peritos são: a papiloscopia, a balística forense, a entomologia forense, a toxicologia forense e a genética forense. Todo este conhecimento é empregado na recuperação, reconstituição ou análise de evidências durante uma investigação criminal.
A papiloscopia, ou datiloscopia, estuda as impressões digitais. Os desenhos datiloscópicos se formam durante a gestação, a partir do sexto mês, e não se alteram ao longo dos anos, salvo alterações devido a queimaduras, ao contato com agentes químicos, cortes e doenças de pele, como a hanseníase.
Esses desenhos também são diferentes tanto entre as pessoas, quanto entre os dedos de um mesmo indivíduo. Assim o conjunto de desenhos de uma pessoa é único.
Na balística forense, estudam-se as armas de fogo, sua munição e os efeitos que o tiro produziu. Ao disparar uma arma de fogo, vários resíduos podem impregnar-se na pele do atirador. E não adianta lavar as mãos, pois os resíduos penetram na pele e a detecção é possível, em média, até cinco dias após o ocorrido. Também é possível analisar as ranhuras que a arma causa na munição e o tipo de lesão que determinada munição causa nos tecidos.
A entomologia forense estuda insetos, ácaros e outros artrópodes, de modo a revelar a localização da morte de um indivíduo, além de estabelecer o período da morte ou o intervalo post-mortem. Por exemplo, algumas espécies de moscas varejeiras são encontradas nas cidades e, quando presentes nos corpos que foram encontrados em áreas rurais, sugerem que a consumação do crime não tenha acontecido no local onde o corpo foi encontrado.
A toxicologia forense aplica as técnicas toxicológicas com uma finalidade legal. Assim, seu objetivo é detectar e quantificar substâncias tóxicas presentes em amostras biológicas. Por meio dessas, podemos avaliar a exposição humana a agentes tóxicos, como, por exemplo, no envenenamento ou em um acidente de trânsito. Assim, ao analisar amostras de sangue, o perito biomédico consegue identificar a presença de narcóticos ou álcool etílico em altas concentrações nessas amostras.
Por meio da genética e biologia molecular forense, é possível identificar o DNA de um assassino ou o pai biológico, em casos de judicialização de paternidade. A presença de sangue em cenas de crime, mesmo que imperceptível a olho nu, pode ser detectada com a utilização de luminol. Já para a análise do DNA, é necessário qualquer tipo de mancha ou produto que contenha material genético.
O material genético ou DNA encontra-se em todas as células nucleadas do organismo. Por ser único em cada indivíduo e idêntico em todas as células da mesma pessoa, a análise de DNA é uma importante ferramenta na perícia. Assim, ao estudarmos qualquer vestígio biológico, podemos identificar o indivíduo ao qual esse vestígio pertence. Portanto apenas uma pequena amostra de sangue, saliva, pele ou sêmen é suficiente para identificarmos uma vítima ou um suspeito.
Chegamos ao final deste podcast.
Obrigada(o) e até a próxima!

Toxicologia

A toxicologia estuda os vários efeitos adversos de diferentes substâncias químicas no organismo. O biomédico está autorizado a trabalhar em toxicologia por meio da Resolução CFBM n° 135, de 3 de abril de 2007, e da RDC Anvisa n° 306, de 7 de dezembro de 2004. O biomédico toxicologista pode atuar em centros de pesquisa, hospitais e indústrias voltadas para as áreas clínicas, experimental, ambiental, forense, de medicamentos e cosméticos, ecotoxicologia, entomotoxicologia, veterinária, dentre outros.

É função do biomédico toxicologista avaliar os efeitos adversos de substâncias químicas que possam ser tóxicas, as quais possam estar presentes em cosméticos, medicamentos, venenos de insetos, dentre outros. Essa análise pode ser realizada por meio de exames cromatográficos, dosagem de metais pesados e de drogas de abuso. Também é função do biomédico toxicologista “elaborar plano e gerenciar atividades relativas à área de toxicologia, agrotóxicos; cosméticos; químicos em geral; fitoterápicos; fármacos; toxicologia geral e farmacologia” (CFBM, 2007a, p.1).

Imagenologia

A Imagenologia é o estudo dos órgãos e sistemas do corpo humano por meio de exames de imagem, como radiologia, ultrassonografia, densitometria óssea, tomografia computadorizada, ressonância magnética, medicina nuclear, dentre outros. O biomédico habilitado em imagenologia pode trabalhar com todas essas modalidades. As resoluções que permitem ao profissional biomédico atuar na área de Imagenologia são a Resolução n°78, de 29 de abril de 2002, do CFBM, e a Resolução n° 243, de 5 de dezembro de 2013, também do CFBM.

a imagem apresenta uma fotografia. Nela, há um homem e uma mulher, ambos de jaleco, olhando para duas telas de computador, em que se vê imagens de ressonância de cérebros. Atrás das telas de computador, há uma janela, e, por ela, é possível ver uma pessoa dentro de um aparelho de ressonância magnética nuclear.
Figura 2.1 — Ressonância magnética nuclear
Fonte: gorodenkoff / 123RF.

Descrição: a imagem apresenta uma fotografia. Nela, há um homem e uma mulher, ambos de jaleco, olhando para duas telas de computador, em que se vê imagens de ressonância de cérebros. Atrás das telas de computador, há uma janela, e, por ela, é possível ver uma pessoa dentro de um aparelho de ressonância magnética nuclear.

O biomédico imaginologista entra em contato com o paciente na entrevista e na análise prévia dele, bem como em seu posicionamento no equipamento e na administração dos meios de contraste e radiofármacos. Quando opera equipamento de Tomografia Computadorizada (TC), o biomédico cria e define protocolos de exames, realiza o pós-processamento das imagens, documenta exames e gerencia sistemas de armazenamento e manipulação de informações. Pode, também, trabalhar em empresas fabricantes de equipamentos e insumos voltados para TC.

Ao operar equipamentos de Ressonância Magnética (RM), o biomédico define protocolos de exame, realiza as trocas de bobinas nos procedimentos, atua no pós-processamento de imagens, documenta exames, gerencia sistemas de armazenamento e manipulação de informação para o diagnóstico por imagem.

Na Medicina Nuclear (MN), o biomédico pode operar os equipamentos PET/CT e PET/RM, realizar estudos “in vivo” e “in vitro”, auxiliar o médico nos procedimentos terapêuticos, preparar as doses de radioisótopos e administrá-las, atuar no pós-processamento de imagens, documentar exames, gerenciar sistemas de armazenamento de informação e atuar no segmento de informática médica e no comércio de equipamentos e insumos para MN.

Para atuar na radioterapia, o biomédico deve ter formação específica em radioterapia. Cabe a ele verificar o posicionamento anatômico correto do paciente, administrar as doses de radiação (sob supervisão de médico radiooncologista), participar da confecção de imobilizadores utilizados no tratamento radioterápico, realizar processamento de imagem digital do tratamento, além de atuar como vendedor de equipamentos e acessórios para posicionamento do paciente.

Citologia oncótica e histotecnologia clínica

A citologia oncótica, citologia esfoliativa ou citopatologia estuda as doenças a partir da observação de células obtidas por esfregaço, aspirações, raspados, centrifugação de líquidos e outros métodos, utilizando técnicas microscópicas. Cabe ao biomédico realizar, com exceções, análises citológicas do material esfoliativo dos raspados e dos aspirados de lesões e cavidades corpóreas (CRBM-1, 2021, p. 26).

A histotecnologia é o conhecimento dos métodos de preparo das lâminas permanentes, utilizadas na análise de células e tecidos. Os procedimentos utilizados para se obter amostras de tecido ou preparados histológicos para exame microscópico incluem a coleta do material, processamento, inclusão, microtomia (corte), fixação em lâmina e coloração. A análise das lâminas objetiva a distinção nas estruturas celulares, e, para isso, são utilizadas colorações histológicas que destacam, contrastam ou diferenciam as estruturas.

A Resolução n° 239, de 29 de maio de 2014, a qual dispõe sobre a atribuição do profissional biomédico habilitado em histotecnologia clínica, determina que o profissional biomédico poderá realizar (CFBM, 2014a, on-line):

● processamento de amostras histológicas (fragmento de tecido humano produto de biópsia) para análise macroscópica, imunohistoquímica, citoquímica e molecular, firmando os respectivos laudos;
● técnicas auxiliares de necropsia e análise forenses, sob supervisão de profissional médico devidamente habilitado;
● gestão administrativa, controle de qualidade interno e externo de Laboratórios Histotecnológicos e congêneres públicos e privados.

Portanto o biomédico citologista oncótico e/ou histotecnologista clínico manuseará amostras de biópsias, peças anatômicas, dentre outras, analisando-as, tanto de modo macroscópico quanto microscópico, com o objetivo de encontrar possíveis alterações nos tecidos e células que possam indicar a enfermidade do paciente.

Embriologia e Reprodução Humana

A Embriologia é uma ciência que investiga o processo de formação e desenvolvimento do ser humano, desde sua fecundação até o nascimento. O biomédico habilitado em Embriologia e Reprodução Humana investiga os diversos aspectos da fertilidade, bem como sua deficiência. Ele é o responsável por iniciar a cultura dos óvulos e espermatozoides para a fertilização, ou seja, é o profissional que cuida de toda a parte laboratorial dos tratamentos de fertilização in vitro, inseminação intrauterina, congelamento de embriões, sêmen, óvulos, dentre outros (CRBM-1, 2021, p. 35).

Os biomédicos que atuam nessa área podem realizar (CRBM-1, p. 35):

● identificação e classificação oocitária (maturidade dos óvulos);
● processamento seminal (seleção dos espermatozoides móveis);
● classificação embrionária (embrião);
● criopreservação embrionária (congelamento de embrião);
● espermograma (avaliação dos espermatozoides);
● biópsia embrionária (retirada de célula para análise genética);
● criopreservação seminal (congelamento de sêmen);
● Assisted Hatching (injúria endometrial antes da transferência do embrião).

Na reprodução humana assistida, são utilizadas técnicas médicas para auxiliar no processo de reprodução. Esses procedimentos podem ser aplicados em casos de, por exemplo, casais inférteis, com elevado risco de transmissão de doenças genéticas ou infecciosas. As principais técnicas são: Inseminação Intra-Uterina (IIU); Fertilização In Vitro (FIV); Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI); e Transferência de Embrião Congelado (TEC) (SOUZA; ALVES, 2016).

Análises Bromatológicas e Microbiologia de Alimentos

A Bromatologia é uma ciência que estuda os alimentos in natura e industrializados, suas especificações legais (embalagens e rótulos), sua composição química, sua função no organismo, seu valor calórico e nutritivo, suas propriedades físico-químicas, a presença de adulterantes e contaminantes, dentre outros. As análises microbiológicas visam a verificação, nos alimentos, da presença de contaminantes, como bactérias, fungos e vírus, que prejudiquem a saúde do homem ou dos animais que o ingiram.

Compete ao biomédico habilitado em análises bromatológicas:

realizar análises físico-químicas e microbiológicas para aferição da qualidade e contaminação de alimentos, desde a produção, passando pela coleta, transporte e pelo armazenamento. O biomédico também poderá assumir as atividades de responsabilidade técnica, realizar relatórios técnicos, perícias, consultorias e assinar laudos (CFBM, 2002, p.1).

Portanto o biomédico habilitado nessa área pode trabalhar em indústrias e laboratórios de análises de alimentos e bebidas.

Promoção de Bem-estar

Uma das habilidades do biomédico é a promoção do bem-estar da população. Isso pode ser feito por meio do emprego da acupuntura, da biomedicina estética, na fisiologia do esporte e da prática do exercício físico, no monitoramento neurofisiológico, por meio da saúde pública, sanitarista e das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS).

Acupuntura

A acupuntura serve-se dos ensinamentos da medicina tradicional chinesa para o diagnóstico e tratamento de uma enfermidade. Por meio da inserção de agulhas em pontos específicos ou outras formas de estimulação, como a auriculoterapia, eletroacupuntura, moxacombustão e ventosaterapia, esses pontos se distribuem pelo corpo em linhas chamadas “meridianos chineses”.

O Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), por meio da Resolução n° 292, de 9 de agosto de 2018, reconhece a acupuntura como especialidade da Biomedicina (CFBM, 2018). Ao biomédico acupunturista é permitido atuar clinicamente em consultório, realizar o equilíbrio energético e atuar no restabelecimento dos sistemas orgânicos. É permitido, também, atuar na docência em cursos de especialização de acupuntura, realizar pesquisas em acupuntura e atuar no SUS.

Para a habilitação em acupuntura, o biomédico deve realizar pós-graduação do tipo latu sensu ou strictu sensu, reconhecidos pelo MEC. Pode, também, fazer a prova de título de especialista em acupuntura aplicada pela Associação Brasileira de Biomedicina, que é opcional — a prova em questão é elaborada pela Associação Biomédica de Acupuntura. Existe, também, a possibilidade de realização de 500 horas de estágio supervisionado em acupuntura para a obtenção da habilitação (SINBIESP, 2022).

A acupuntura é indicada, de modo complementar, ao tratamento de

tendinites, depressão, cefaleias, enxaquecas, gastrites, dismenorreia, Tensão Pré-menstrual (TPM), lombalgia, cervicalgia, sinusite, rinite, asma, ansiedade, estresse, impotência, insônia, artrite, artrose, fibromialgia, mal de Parkinson e sequelas de acidente vascular cerebral (RIBEIRO, 2021, p. 4).

Biomedicina estética

O biomédico esteta, por meios de procedimentos, atua nas queixas de cada cliente e contribui no processo de evolução da imagem, da autoestima, do bem-estar e da qualidade de vida. A Resolução n° 197, de 21 de fevereiro de 2011, a qual dispõe sobre as atribuições do profissional biomédico no exercício da saúde estética, em seu Artigo 1°, define que o profissional biomédico na área de saúde estética, desde que especializado, pode participar individualmente e /ou em equipes da atividade estética.

a imagem apresenta uma fotografia. Em primeiro plano, temos uma mulher de pele branca, cabelos lisos na cor castanho escuro, roupão branco, com óculos de lentes escuras, na cor preto, deitada em uma maca. Em pé, ao seu lado esquerdo, está uma mulher de pele branca, cabelos lisos na cor castanho escuro semipresos, vestida com uma blusa de mangas compridas na cor branco, óculos com lentes escuras na cor preta, segurando um aparelho sobre a mão esquerda da mulher deitada. Atrás das mulheres, há alguns equipamentos laboratoriais.
Figura 2.2 — A Biomedicina na estética
Fonte: iakovenko / 123RF.

Descrição: a imagem apresenta uma fotografia. Em primeiro plano, temos uma mulher de pele branca, cabelos lisos na cor castanho escuro, roupão branco, com óculos de lentes escuras, na cor preto, deitada em uma maca. Em pé, ao seu lado esquerdo, está uma mulher de pele branca, cabelos lisos na cor castanho escuro semipresos, vestida com uma blusa de mangas compridas na cor branco, óculos com lentes escuras na cor preta, segurando um aparelho sobre a mão esquerda da mulher deitada. Atrás das mulheres, há alguns equipamentos laboratoriais.

Conforme a Resolução n° 214, de 10 de abril de 2012, em seu Artigo 3º, o biomédico esteta poderá fazer uso de

substâncias biológicas (toxina botulínica tipo A), substâncias utilizadas na intradermoterapia (incluindo substâncias eutróficas, venotróficas e lipolíticas), preenchimentos dérmicos, subcutâneos e supraperiostal (excetuando—se o Polimetilmetacrilato/PMMA), fitoterápicos, nutrientes (vitaminas, minerais, aminoácidos, bioflavonóides, enzimas e lactobacilos), seguindo normatizações da ANVISA (CFBM, 2012, on-line).

Também é passível ao biomédico esteta, conforme o Artigo 6° dessa mesma resolução, prescrever formulações magistrais ou referenciar cosméticos.

O profissional biomédico esteta, conforme a Resolução n° 241, de 29 de maio de 2014, pode prescrever e realizar “procedimentos que envolvam a utilização de lasers (de baixa, média e alta potência) e outros recursos tecnológicos utilizados para fins estéticos” (CFBM, 2014, on-line). Além disso, o biomédico esteta pode realizar: eletroterapia; sonoforese (ultrassom estético); iontoforese; radiofrequência estética; laserterapia; luz Intensa Pulsada e LED; peelings químicos e mecânicos; cosmetologia; carboxiterapia; intradermoterapia (enzimas e toxina botulínica); preenchimentos semipermanentes; e mesoterapia (CFBM, 2014).

Saúde pública e sanitarista

O biomédico habilitado em saúde pública desenvolve e implementa “projetos governamentais em DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), doenças crônicas, doenças infectocontagiosas, zoonoses, saúde do trabalhador, atendimento à população indígena e carcerária” (CRBM-1, 2021, p. 35). Também é sua função a análise, o acompanhamento e a fiscalização de processos de terceirização de serviços médicos e diagnósticos. Outra atividade é a de assessorar e prestar consultoria em levantamentos estatísticos populacionais, sendo ainda permitido sua participação em conselhos municipais e estaduais de saúde, a fim de contribuir com as políticas públicas de saúde (CRBM-1, 2021).

SAIBA MAIS

Vacinação

Desde o início da epidemia do vírus SARS-CoV-2, os cientistas se esforçaram para obter uma vacina efetiva contra o vírus. Muitos desses pesquisadores eram biomédicos, imunologistas, geneticistas, dentre outros. Mas, além de ser possível ao biomédico pesquisar as vacinas e trabalhar em indústrias farmacêuticas produtoras de vacinas, ele também pode empreender e gerenciar casas de vacinação. A Normativa 01, de 28 de agosto de 2020, regulamenta que o biomédico habilitado em imunologia, “poderá assumir a responsabilidade técnica de serviço de vacinação” (CFBM, 2020a, on-line). Saiba mais em: https://cfbm.gov.br/wp—content/uploads/2021/06/Normativa—01.2020—3.pdf

Fonte: CFBM (2020).

Já o biomédico sanitarista colabora com o sistema de saúde nas questões sociais e políticas, atuando no planejamento e na avaliação de programas de saúde, tanto em instituições públicas quanto privadas. Assim, ele trabalha para a promoção da saúde, identificando os determinantes que influenciam o processo saúde-doença e propondo ações que protejam e/ou recuperem a saúde da população (CRBM1, 2021). A resolução que regulamenta a habilitação do biomédico sanitarista é a Resolução n° 140, de 4 de abril de 2007, do Conselho Federal de Biomedicina (CFBM, 2007b). O biomédico que deseja a habilitação de sanitarista deve fazer um curso de pós-graduação em saúde pública.

Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS)

Uma das mais recentes habilitações biomédicas é a em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), que são tratamentos de saúde complementares aos tradicionais. São PICS: apiterapia; aromaterapia; arteterapia; ayurveda; biodança; bioenergética; constelação familiar; cromoterapia; dança circular; geoterapia; hipnoterapia; homeopatia; imposição das mãos; medicina antroposófica/antroposofia aplicada à saúde; medicina tradicional chinesa — acupuntura, meditação, musicoterapia, naturopatia, osteopatia, ozonioterapia, plantas medicinais —; fitoterapia; quiropraxia; reflexoterapia; reiki; shantala; Terapia Comunitária Integrativa (TCI); terapia de florais; termalismo social/crenoterapia; e yoga (CFBM, 2020b).

Conforme a Resolução n° 327, de 03 de setembro de 2020, do Conselho Federal de Biomedicina, é permitido ao biomédico habilitado nas PICS prestar atendimento, incluindo supervisão e chefia, além de compor equipes de saúde em universidades públicas ou privadas e em unidades de atendimento do SUS em todos os níveis de complexidade. Para obter a habilitação, o profissional deverá comprovar, junto ao CRBM da jurisdição local, certificação de conhecimento de uma prática específica. Como são práticas muito diferentes, a carga horária para habilitação dependerá em qual PICS, especificamente, pretende-se atuar. Há práticas que necessitam de menor carga horária  para a obtenção da habilitação, como a ozonioterapia, a qual necessita de 40 horas práticas; por outro lado, existem habilitações que demandam muitas horas de experiência na área, como é o caso da osteopatia, que pede 1400 horas de estágio prático para a obtenção da habilitação.

Fisiologia do esporte

O mercado de atividades esportivas está cada vez mais exigente, necessitando de profissionais que auxiliem times e clubes poliesportivos a conseguirem o máximo de seus atletas. Para isso surgiu a figura do fisiologista do esporte, profissional que fornece conhecimento científico para o preparador físico, o nutricionista, o fisioterapeuta e o médico.

O Conselho Federal de Biomedicina, por meio da Resolução n° 309, de 17 de julho de 2019, regulamentou a atividade do profissional biomédico em fisiologia do esporte e da prática do exercício físico, permitindo a ele atuar diretamente com o cliente ou como parte da comissão técnica de equipes e na indústria. Seu objetivo principal é potencializar o resultado do atleta por meio da monitorização de indicadores fisiológicos e bioquímicos. Cabe a ele investigar a bioenergética, bioquímica, função cardiopulmonar, biomecânica, hematologia, fisiologia do músculo esquelético, e funções neuroendócrinas e do sistema nervoso relacionadas ao exercício.

Monitoramento neurofisiológico transoperatório

O Monitoramento neurofisiológico transoperatório é um procedimento realizado para alertar o cirurgião de possíveis alterações nas vias neurais durante a realização de diferentes intervenções cirúrgicas. Conforme a Resolução n. 245, de 19 de setembro de 2014 do CFBM, é passível ao profissional biomédico, devidamente habilitado e sob supervisão médica, realizar:

monitoramento neurofisiológico transoperatório, operando equipamentos específicos para a atividade e utilizando métodos eletrofisiológicos como eletroencefalografia (EEG), eletromiografia (EMG) e potenciais evocados para monitorar a integridade de estruturas neurais específicas durante as cirurgias (CFBM, 2014, on-line).

Para atuar nessa área, o biomédico obrigatoriamente precisa realizar curso de especialização, cujas disciplinas contemplem:

neuroanatomia, neurofisiologia, neuropatologia básica e avançada, teoria das técnicas cirúrgicas, tecnologias aplicadas à atividade e estágio prático em serviços de Monitoramento Neurofisiológico Transoperatórios registrado nos conselhos de fiscalização profissional e Vigilância Sanitária (CFBM, 2014, on-line).

Tecnologias e Serviços em Saúde

A biomedicina está sempre na vanguarda das atividades na área da saúde. Isso se observa pela possibilidade de atuar em áreas tecnológicas, como gestão das tecnologias em saúde, informática de saúde, perfusão extracorpórea e auditorias. Vamos conhecê-las?

Informática de saúde e gestão das tecnologias de saúde

Hoje, a telemedicina, cirurgias realizadas por robôs, análises de genoma em laboratórios comerciais, dentre outras tecnologias, são uma realidade. O Sistema Único de Saúde (SUS) e as empresas de saúde privadas devem, sempre, incorporar essas novas tecnologias, para fornecer aos pacientes tratamentos mais avançados e eficazes. O biomédico é um profissional capacitado para realizar essa integração entre as tecnologias de saúde e a população. Por isso, o Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), no uso de suas atribuições, emitiu duas resoluções, que dispõem sobre atos do profissional biomédico, instituindo as habilitações em informática de saúde (Resolução n° 346/2022) e em gestão das tecnologias em saúde (Resolução n°308/2019).

A informática de saúde, também conhecida como bioinformática, tem origem da união de áreas da Biologia, Informática, Estatística, Física e Matemática, no intuito de gerenciar bancos de dados biológicos. O biomédico habilitado em informática de saúde, também conhecido como bioinformata, pode:

  • desenvolver e implementar programas computacionais que permitem o acesso eficiente para o uso e gestão de vários tipos de informação;
  • realizar a análise e sequenciamento genético;
  • realizar o estudo genético de doenças;
  • realizar a análises de expressão gênica e proteica;
  • realizar o estudo estrutural de proteínas;
  • atuar no desenvolvimento de fármacos.

Sendo assim, o biomédico habilitado em informática de saúde pode atuar em indústrias farmacêuticas e indústrias gerais, hospitais, centros de pesquisa, laboratórios clínicos, dentre outros.

REFLITA

Juramento do biomédico

“Juro, por toda minha existência, cumprir com zelo e probidade todas as atividades inerentes à profissão de biomédico, que me forem confiadas.

Juro, diante de Deus e dos homens, não medir esforços para exercer com dignidade a ética da Biomedicina.

Juro estar atento à evolução científica para empregá-la em prol da humanidade.

Juro cumprir esses preceitos para poder usufruir da benevolência de Deus e da confiança dos homens”.

Caro(a) aluno(a) a partir do juramento do biomédico, você consegue perceber a importância da evolução tecnológica para a Biomedicina?

Fonte: CRBM-1 (2021, p. 44).

Na ânsia de colocar o profissional biomédico na vanguarda das tecnologias na área da saúde, o Conselho Federal de Biomedicina, no uso de suas atribuições, emitiu a resolução n° 308, de 27 de junho de 2019, a qual dispõe sobre atos do profissional biomédico com habilitação em gestão das tecnologias em saúde (CFBM, 2019a).

Mas o que é gestão de tecnologias em saúde? De acordo com Brasil (2010, p. 10), gestão de tecnologias em saúde pode ser definida como:

o conjunto de atividades gestoras relacionado com os processos de avaliação, incorporação, difusão, gerenciamento da utilização e retirada de tecnologias do sistema de saúde. Este processo deve ter como referenciais as necessidades de saúde, o orçamento público, as responsabilidades dos três níveis de governo e do controle social, além dos princípios de equidade, universalidade e integralidade, que fundamentam a atenção à saúde no Brasil.

Considera-se tecnologias em saúde os

medicamentos, materiais, equipamentos e procedimentos, sistemas organizacionais, educacionais, de informações e de suporte, e programas e protocolos assistenciais, por meio dos quais a atenção e os cuidados com a saúde são prestados à população (BRASIL, 2010, p.10).

Cabe ao biomédico habilitado em gestão das tecnologias em saúde exercer a “função de responsável técnico pela elaboração e implantação do Plano de Gerenciamento das Tecnologias utilizadas na prestação de serviços de saúde” (CFBM, 2019a, p. 3). Também é função desse profissional a monitorização da execução desse plano, além de realizar a avaliação anual da sua eficácia. É dever do biomédico

notificar o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária os eventos adversos e queixas técnicas envolvendo as tecnologias em saúde, produtos para a saúde e equipamentos para a saúde, conforme disposto em normas, resoluções e guias específicos da ANVISA (CFBM, 2019a, p. 3).

Perfusão Extracorpórea

A Perfusão ou Circulação Extracorpórea (CEC) é um procedimento que utiliza máquinas, aparelhos e técnicas que substituem a função de bomba do coração e a função respiratória do pulmão, enquanto esses órgãos ficam excluídos da circulação sistêmica. Por meio dessa técnica, é possível proporcionar ao cirurgião um campo cirúrgico sem sangue. Também pode ser empregada em tratamentos, mantendo a circulação sanguínea do paciente.

De acordo com a Normativa n° 001, de 2019, Artigo 1°, cabe ao biomédico perfusionista:

montar o circuito de circulação extracorpórea e acompanhar a CEC durante a cirurgia;

monitorar os parâmetros fisiológicos e sua adequação, quando necessária;

preparar e auxiliar na instalação e manutenção do procedimento de ECMO (Assistência Circulatória com Membrana Extracorpórea), em parceria com a equipe cirúrgica;

realizar perfusão para procedimento de quimioterapia Hipertérmica Extracorpórea (HIPEC), em parceria com a equipe cirúrgica;

realizar, interpretar e controlar o tempo de coagulação ativada em pacientes heparinizados nos períodos pré, intra e pós-operatório;

preparar e administrar as soluções cardioplégicas e renoplégicas (em cirurgias para correção de aneurisma da aorta tóraco-abdominal), sob orientação da equipe médica;

examinar e testar os componentes da máquina coração-pulmão, realizando o controle de sua manutenção preventiva e corretiva, conservando-a permanentemente em condições de uso;

coletar informações e dados no prontuário do paciente, verificando a existência de doenças ou condições que possam interferir na execução do procedimento, e calcular os fluxos de sangue, gases, composição e volume dos líquidos do circuito (CFBM, 2019b).

A formação do perfusionista deve ocorrer por meio de centros de formação reconhecidos pela Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea (SBCEC) e pelo MEC e ter carga-horária mínima de 1200h, com a realização de, no mínimo, 100 perfusões supervisionadas durante o curso, além de prova de títulos ao término do curso. Também é possível obter a habilitação após a realização de residência multiprofissional ou biomédica na área, mediante comprovação de tempo de atuação ou residência.

Auditoria

A auditoria consiste no exame sistemático das atividades desenvolvidas em determinada empresa, com o objetivo de averiguar se elas estão de acordo com o planejamento estabelecido e se houve implementação com eficácia adequada e em conformidade com os requisitos predeterminados.

O Biomédico auditor, conforme resolução n° 184, de 26 de agosto de 2010, em seus Artigos 1° e 2°

participa, individualmente e/ou em equipes, da auditoria dos serviços de toda área da saúde, nos níveis federal, estadual ou municipal, tanto na esfera pública quanto na privada”. É permitido ao biomédico auditor realizar procedimentos “técnicos, científicos, contábeis, financeiros e patrimoniais praticados por pessoas físicas e jurídicas no âmbito do SUS, por meio da realização de auditorias analíticas, operativas, de gestão e especiais (CFBM, 2010, on-line).

Também é passível ao biomédico auditar os serviços de estatística aplicada à saúde, o sistema de informações aplicado na organização, a gestão de convênios e o gerenciamento de custos (CFBM, 2010).

O mercado de trabalho do biomédico auditor é amplo, podendo atuar em processo de certificação de laboratórios de análises clínicas, indústrias e hospitais e executar auditorias de contas hospitalares. Para ser biomédico auditor, o profissional deve ter especialização em auditoria por instituição reconhecida tanto pelo MEC quanto pelo CFBM (CFBM, 2010).

Indicação de leitura

Livro: Administração para todos: ingressando no mundo da gestão de negócios

Autor: Idalberto Chiavenato

Ano: 2021

Editora: Atlas

ISBN: 9786559770380

Comentário: caro(a) aluno(a), independentemente da habilitação que você escolher, você precisará administrar sua carreira e/ou sua empresa. Assim, sugiro a você que estude sobre o assunto. No mundo tão competitivo, não podemos mais utilizar soluções antigas para problemas completamente novos. Devido a isso, o livro traz soluções práticas para empreendedores e profissionais, que não são especialistas em administração.

Considerações Finais

Caro(a) estudante, acabamos de conhecer as principais características das várias habilitações possíveis em biomedicina. O biomédico devidamente habilitado é pode, além das já conhecidas funções de professor universitário, pesquisador e patologista clínico, trabalhar em análises citopatológicas, exames de imagem, medicina nuclear, biologia molecular, genética, dentre outros. Também é permitido a atuação nas áreas de estética, acupuntura, reprodução humana, auditorias, análise ambiental, perfusão extracorpórea e fisiologia do esporte e da prática do exercício físico.

A biomedicina está sempre um passo à frente, por isso estamos integrados com as tecnologias com as habilitações em gestão das tecnologias de saúde, informática de saúde e monitoramento neurofisiológico transoperatório. Também cuidamos do bem-estar do indivíduo, empregando técnicas de reiki e ozonioterapia, por exemplo, complementando tratamentos convencionais. Além disso, o biomédico pode trabalhar em instituições públicas, como hospitais, no saneamento básico, em bancos de sangue, nos postos de saúde e na perícia criminal. Enfim, a biomedicina proporciona ao biomédico um campo enorme de possibilidades.

Atividade

O mercado de trabalho para o biomédico habilitado em auditoria é amplo e está em franca ascensão, visto a necessidade de acreditações e certificações dos estabelecimentos de saúde. A esse respeito dessa área de atuação biomédica, é correto afirmar que:

o biomédico auditor só pode auditar sobre os equipamentos de laboratório.

Incorreta. A alternativa está incorreta, pois o biomédico auditor pode realizar auditoria sobre equipamentos e processos.

a auditoria verifica se há concordância entre o planejamento e o executado.

Correta. A alternativa está correta, pois o foco da auditoria é verificar se o que é realizado em um estabelecimento de saúde está de acordo com as normas e regulamentações.

o biomédico auditor precisa ser funcionário da empresa para auditá-la.

Incorreta. A alternativa está incorreta, pois o auditor não deve ter vínculo empregatício com o estabelecimento que auditará, para ter liberdade para realizar críticas e sugestões.

o biomédico auditor pode decidir qual procedimento o médico realizará.

Incorreta. A alternativa está incorreta, pois o biomédico auditor não pode interferir na autonomia médica.

o biomédico auditor trabalha sozinho nas auditorias para ter mais liberdade de análise.

Incorreta. A alternativa está incorreta, pois o biomédico auditor pode trabalhar sozinho ou em equipe, sendo sua liberdade de análise preservada em ambas as situações.

Atividade

A área de análises clínicas, também conhecida como patologia clínica, abrange uma ampla gama de funções laboratoriais e tem como objetivo o diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças. Ela está regulamentada pelas Leis n. 6.686, de 11 de setembro de 1979, e n. 7.135, de 26 de outubro de 1983, e pela Resolução n° 78 de 29 de abril de 2002, do CFBM. A respeito dessa habilitação biomédica, leia as afirmativas e assinale a alternativa CORRETA.

BRASIL. Lei nº 6.686, de 11 de setembro de 1979. Dispõe sobre o exercício da análise clínico-laboratorial. Brasília, DF: Presidência da República, [1986]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/l6686.htm. Acesso em: 29 dez. 2022.

BRASIL. Lei nº 7.135, de 26 de outubro de 1983. Altera a redação da Lei nº 6.686, de 11 de setembro de 1979, que dispõe sobre o exercício da análise clínico-laboratorial, e determina outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1983. Disponível em: https://bit.ly/3ZvkMuk. Acesso em: 29 dez. 2022.

CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA — CFBM. Resolução n° 78 de 29 de abril de 2002. Dispõe sobre o Ato Profissional Biomédico, fixa o campo de atividade do Biomédico e cria normas de Responsabilidade Técnica. Brasília, DF: CFBM, 2002. Disponível em: https://cfbm.gov.br/wp-content/uploads/2021/12/RESOLUCAO-CFBM-No-78-DE-29-DE-ABRIL-DE-2002.pdf. Acesso em: 30 dez. 2022.

O biomédico patologista clínico pode ser responsável técnico em vários em laboratório de análises clínicas simultaneamente.

Incorreta. A alternativa está incorreta, pois o biomédico só pode ser responsável por até 2 laboratórios, desde que consiga estar presente nesses locais.

É responsabilidade do biomédico patologista clínico as etapas analíticas e pós-analíticas, e a pré-analítica é do recepcionista.

Incorreta. A alternativa está incorreta, pois o biomédico patologista clínico responsável pelo laboratório é o responsável por todas as etapas, pré-analítica, analítica e pós-analítica.

Ao biomédico patologista clínico é vedado laudar os exames realizados por ele ou seus subordinados.

Incorreta. A alternativa está incorreta, pois, nas análises clínicas, o biomédico é soberano, sendo uma das funções do biomédico patologista laudar os exames feitos por ele e por seus subordinados.

O biomédico habilitado em análises clínicas está apto a realizar exames bioquímicos, hematológicos, imunológicos, dentre outros

Correta. A alternativa está correta, pois um biomédico patologista é capaz de realizar todos os exames em análises clínicas, ou seja, bioquímicos, hematológicos, imunológicos, parasitológicos, microbiológicos e de biologia molecular.

Para exercer a função de biomédico patologista clínico, é necessária a habilitação na área concedida por qualquer conselho regional.

Incorreta. A alternativa está incorreta, pois o biomédico, para exercer a profissão, precisa de autorização do conselho regional que representa o local em que atuará, ou seja, se for no estado de São Paulo, por exemplo, precisará ser o CRBM-1.

Atividade

A toxicologia estuda os vários efeitos adversos de diferentes substâncias químicas no organismo. O biomédico está autorizado a trabalhar em toxicologia por meio da Resolução CFBM n° 135, de 3 de abril de 2007, e da RDC Anvisa n° 306, de 7 de dezembro de 2004. Sobre essa habilitação biomédica é correto afirmar.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA — ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada — RDC nº 306, de 7 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Brasília, DF: ANVISA, 2004. Disponível em: https://bit.ly/3GXvORM. Acesso em: 29 dez. 2022.

CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA — CFBM. Resolução n° 135, de 3 de abril de 2007. Dispõe sobre a atribuição do Profisisonal Biomédico de perfusão e toxicologia. Brasília, DF: CFBM, 2007a. Disponível em: http://crbm1.gov.br/RESOLUCOES/Res_135de03abril2007.pdf. Acesso em: 7 nov. 2022.

Atuar na indústria de cosméticos e medicamentos identificando compostos tóxicos nos produtos.

Correta. A alternativa está correta, pois uma das funções do biomédico toxicologista é realizar exames toxicológicos em produtos cosméticos e farmacêuticos.

Atua na perícia criminal em delegacias e institutos de criminalísticas após obtenção da habilitação.

Incorreta. A alternativa está incorreta, pois, além da habilitação, é necessário passar na prova da polícia, civil ou federal.

Analisa a quantidade de substância tóxica presente no organismo ou em produtos químicos, exceto seus efeitos.

Incorreta. A alternativa está incorreta, pois o biomédico toxicologista, avalia a quantidade, o produto tóxico em si e também seus efeitos no organismo humano, animal e meio ambiente.

Utiliza cromatografia em camadas delgada em todos os seus ensaios de pesquisa toxicológica

Incorreta. A alternativa está incorreta, pois há diversos testes químicos, além dos cromatográficos que o biomédico toxicologista pode realizar.

Pode laudar a presença de metais pesados em amostras biológicas humanas, mas não em amostras do ambiente.

Incorreta. A alternativa está incorreta, pois o biomédico toxicologista pode realizar exames e laudar resultados de amostras obtidas de seres humanos, animais e do meio ambiente.

Unidade concluída

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