Introdução
A Biomedicina é uma área que surgiu para suprir a necessidade de profissionais em instituições de ensino e pesquisa em saúde. No entanto, com o passar dos anos, novos campos de atuação foram se abrindo ao biomédico, e para tanto novas regulamentações foram necessárias. Assim, para exercer uma das mais de 30 habilitações biomédicas, o profissional deve saber as regulamentações do exercício regular da profissão. Essas regulamentações são elaboradas pelos Conselhos de Biomedicina; outras agremiações, como sindicatos e associações, também lutam pela Biomedicina.
É salutar que o biomédico conheça o Código de Ética da profissão, visto que deve obedecer a ele. Nele encontramos as regras de conduta que todo profissional da Biomedicina deve conhecer e empregar no dia a dia. Além disso, no Código de Ética se encontram as penalidades caso o biomédico não siga suas orientações.
Então, está preparado(a) para conhecer as normas que regem a Biomedicina?
Regulamentação da Biomedicina no Brasil
A profissão de biomédico surgiu para suprir a necessidade de bons professores universitários e pesquisadores na área da saúde por meio da Lei Federal n. 6.684/79 e da Lei n. 7.017/82. Nos anos seguintes, instituições de ensino particulares, com mais liberdade, aumentaram o leque e a carga horária das matérias, o que permitiu aos graduados em Biomedicina se inserirem em novos campos de atuação. Assim, com a multiplicação de instituições de ensino e a expansão de áreas de atuação, a regulamentação da profissão e do mercado de trabalho para o egresso de Biomedicina se tornou salutar.
Nesse sentido diversas associações de classe se formaram pelo Brasil. O objetivo era unir forças para viabilizar a aprovação de projeto de lei para regulamentar a profissão de biomédico, que obviamente enfrentava poderosas resistências oriundas de outros setores profissionais. Todos os esforços culminaram com o Decreto n. 88.439/83, que normatiza a profissão de biomédico e seu campo de atuação. Por meio do mesmo decreto foram criados o Conselho Federal de Biomedicina (CFBM) e os Conselhos Regionais de Biomedicina (CRBMs), com a função de disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão.
REFLITA
Dia do Biomédico
O Dia do Biomédico é comemorado em 20 de novembro, data que marca uma grande vitória da Biomedicina: em 20/11/1985 o Supremo Tribunal Federal sentenciou a autorização para que biomédicos atuassem em análises clínico-laboratoriais. A partir dessa decisão, o biomédico tornou-se o melhor profissional na área de análises clínicas. Assim, caro(a) aluno(a), você consegue dimensionar o quanto a Biomedicina tem evoluído e o quanto ela ainda pode evoluir?
Fonte: CRBM1 (2021).
O biomédico, um profissional de nível superior da saúde, é reconhecido por meio da Resolução n. 287/1998 do Conselho Nacional de Saúde e classificado pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) sob o n. 2.212. As atividades dos biomédicos estão regulamentadas na Resolução n. 78, de 29 de abril de 2002, do Conselho Federal de Biomedicina, que dispõe sobre o Ato Profissional Biomédico e cria normas de responsabilidade técnica.
O Ato Profissional Biomédico define os procedimentos técnico-profissionais permitidos (CRBM1, 2021):
- Atividades que envolvam procedimentos de apoio diagnóstico.
- Atividades de coordenação, direção, chefia, perícia, auditoria, supervisão e ensino.
- Atividades de pesquisa e investigação.
- Atividades relacionadas ao bem-estar.
Hoje, conforme o CRBM1 (2021), o Brasil possui mais de 100 mil profissionais biomédicos habilitados nas mais diversas especialidades de atuação, sendo a principal habilitação solicitada a de patologista clínico (análises clínicas).
Conselhos de Classe
Você, caro(a) aluno(a), sabe para que serve um Conselho de Classe? Bem, os Conselhos de Classe (ou Conselhos Profissionais) são autarquias federais com a função de fiscalizar, registrar, disciplinar e representar o interesse dos biomédicos. Por exemplo, o Conselho registra os profissionais aptos a executar determinada atividade, como realizar um exame de sangue e emitir seu laudo. Isso é muito importante, pois impede que um indivíduo sem qualificações necessárias realize exames e respectivos laudos, protegendo os profissionais aptos à função e a população. Portanto cabe aos Conselhos fiscalizar os campos de trabalho do biomédico a fim de impedir o exercício ilegal da profissão, bem como disciplinar sobre as regras de conduta do biomédico.
FIQUE POR DENTRO
Conselho Federal de Biomedicina
Caro(a) aluno(a), você terá muitas dúvidas sobre o curso (como obter as habilitações etc.) ou pode querer saber as novidades sobre a Biomedicina. Um lugar onde encontrará essas e outras informações é o Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), que é sediado em Brasília, Distrito Federal. Por meio do site do CFBM é possível acessar todas as leis, normas e regulamentações sobre a Biomedicina e as novidades da profissão.
Fique por dentro, acesse: https://cfbm.gov.br/. Acesso em: 26 dez. 2022.
Fonte: Elaborado pela autora.
O Conselho Federal de Biomedicina (CFBM) é o responsável por elaborar as normas da profissão, baixar atos necessários à interpretação e à execução dessas normas e, em conjunto com os Conselhos Regionais, fiscalizar o exercício da profissão. Também é função do CFBM examinar e aprovar os regimentos de cada Conselho Regional de Biomedicina (CRBM), podendo alterar o que se fizer necessário para garantir o bom funcionamento dessas instituições. Hoje, em 2022, temos seis Conselhos Regionais de Biomedicina no Brasil, portanto o país está dividido em seis regiões (Figura 3.1).

Fonte: CRBM1 (2021, p. 46).
Descrição de Imagem: a imagem mostra o mapa do Brasil dividido por cores em 6 regiões. Em amarelo estão os Estados do Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, e sobre eles está escrito “CRBM-1”. Em vermelho estão os Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, e sobre eles está escrito “CRBM-2”. Em laranja estão o Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Tocantins, e sobre eles está escrito “CRBM-3”. Em azul escuro estão os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, e sobre eles está escrito “CRBM-4”. Em azul claro estão os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e sobre eles está escrito “CRBM-5”. Por fim, em azul claro está o Estado do Paraná, e sobre ele está escrito “CRBM-6”.
O CRBM 1, indicado no mapa pela cor vermelha, representa os biomédicos que atuam no Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. O CRBM 2, em laranja, é o responsável pelos profissionais de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. O CRBM 3, em amarelo, representa os biomédicos do Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Tocantins. O CRBM 4, em verde, representa os biomédicos do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima. O CRBM 5, em azul, salvaguarda os profissionais do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Por último, o mais novo dos CRBMs, o sexto, em verde claro no mapa, abriga os biomédicos do Estado do Paraná.
Cada CRBM tem a responsabilidade de julgar e decidir, em grau de recurso, os processos de infração às leis e ao Código de Ética do Biomédico, bem como organizar, disciplinar e manter atualizado o registro de profissionais e pessoas jurídicas que se inscrevam para exercer atividades de Biomedicina sob cada jurisdição. Também cabe às divisões regionais a expedição da carteira de identidade profissional (CRBM1, 2021).
O registro profissional é importante para evitar o exercício ilegal da profissão, além de o CRBM conferir ao profissional credibilidade perante a sociedade. Como um bacharel em Biomedicina obtém seu registro? Primeiramente o egresso de Biomedicina deverá identificar o CRBM da região onde exercerá a Biomedicina. Lembre-se: o biomédico só poderá atuar nos estados pelos quais o CRBM onde se registrou é o responsável! Depois de identificar o CRBM adequado, o biomédico deverá protocolar, presencialmente ou via sítio eletrônico do CRBM, a ficha de inscrição e os documentos que comprovem ser bacharel em Biomedicina e ter realizado as 500 horas em estágio obrigatório supervisionado.
Em seguida deverão ser pagos as taxas de anuidade (proporcional à época da solicitação de sua inscrição) e os valores referentes à inscrição e à expedição da cédula de identidade profissional (Figura 3.2). É sempre importante lembrar que o biomédico atuante em área para a qual não tem a necessária habilitação corre o risco de sofrer punição, inclusive ter registro cassado, pois essa infração é considerada gravíssima. Caso o profissional encontre oportunidade de atuação em Estado não contemplado pelo CRBM onde está inscrito, deverá solicitar ao CRBM atual a transferência ao CRBM da região onde atuará e cumprirá com documentações e valores monetários necessários.

Fonte: Adaptado de CRBM-3... (2019, on-line).
Descrição de Imagem: na ilustração temos uma cédula de identificação profissional. O documento é da cor verde e mostra o brasão da república no canto superior esquerdo, e o brasão da Biomedicina no canto superior direito. Entre eles está escrito “República Federativa do Brasil, Conselho Federal de Biomedicina, Cartão de Identidade”. Abaixo do brasão da república, uma ilustração de uma pessoa preta, de cabelos castanhos escuros, cacheados e comprimento próximo ao ombro, usando brincos de argola dourados e blusa laranja com listras rosas. Do lado direito da foto, os escritos: “Nome: Maria da Silva; Categoria profissional: Biomédica; RG: 00.000.000-0; CPF: 000.000.000-00; Data de nascimento: 01/01/1991; Naturalidade: Brasil; Órgão expedidor, CRBM-3, Assinatura do portador”. Do lado direito, abaixo do brasão da Biomedicina, está um chip, e abaixo dele está escrito “Casa da Moeda do Brasil”.
Como vimos, os Conselhos têm por função principal regular a atividade do profissional biomédico e os sindicatos e associações.
Os sindicatos (Figura 3.3.) são responsáveis por coordenação, defesa e representação legal dos biomédicos nas esferas públicas e privadas e perante autoridades e poderes públicos. Devem orientar, arbitrar e fiscalizar relações trabalhistas, o cumprimento de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), normas de segurança do trabalho e atuação funcional, pisos salariais, convenções e acordos. Nos sindicatos o biomédico encontra assistência profissional e jurídica, além da defesa de direitos relacionados a cargo, função ou condição de trabalho.

Fonte: Elaborada pela autora.
Descrição de Imagem: o diagrama conta com um círculo central vermelho, no qual se lê “sindicatos”. Dele partem 6 setas, e na ponta de cada uma há um novo círculo. Em sentido horário, posição correspondente a 12 horas, há um círculo azul claro onde se lê “SINBIESP – Sindicato dos Biomédicos Profissionais do Estado de São Paulo”; em 2 horas, há um círculo azul escuro com os dizeres “SINBIOMED/RS – Sindicato dos Biomédicos do Rio Grande do Sul”; em 4 horas há um círculo verde com os dizeres “SINDBIOMÉDICOS/DF – Sindicato dos Biomédicos do Distrito Federal”; em 6 horas há um círculo amarelo onde se lê “SINDBM/BA – Sindicato dos Biomédicos do Estado da Bahia”; em 8 horas há um círculo laranja com os dizeres ”SINBIOMED/PE – Sindicato dos Biomédicos do Estado de Pernambuco”; por último, em 10 horas, há um círculo roxo escuro onde se lê “SINBIERJ – Sindicato dos Biomédicos do Estado do Rio de Janeiro”.
As associações biomédicas têm por objetivo promover treinamentos e aprimoramento do conhecimento técnico-científico de seus associados. Elas integram profissionais através de encontros, simpósios e fóruns. Também apoiam e promovem atividades para melhorar o posicionamento dos profissionais e futuros profissionais no mercado de trabalho.
SAIBA MAIS
Academia Brasileira de Biomedicina
Durante a graduação e após formado(a), você, caro(a) aluno(a) que queria se informar mais, participar de cursos e palestras de modo a evoluir na Biomedicina, pode consultar um site com boas informações e cursos, o da Academia Brasileira de Biomedicina (instituição sem fins lucrativos fundada em 2019 com o objetivo de promover conhecimento na área biomédica e crescimento da categoria). Ao acessá-lo é possível encontrar publicações e cursos para os biomédicos.
Saiba mais em: https://academiadebiomedicina.com.br/. Acesso em: 26 dez. 2022.
Fonte: Elaborado pela autora.
A fim de o profissional biomédico exercer responsabilidade técnica, é preciso que ele esteja registrado e ativo no CRBM da região onde atuará e tenha habilitação compatível com a área e não possua pendências administrativas junto ao Conselho. Também é necessário que o estabelecimento contratante esteja registrado no Conselho, pois a responsabilidade técnica estará atrelada ao endereço pelo qual o profissional se responsabilizará. Caso o profissional não seja mais o responsável técnico da instituição de saúde, tem o prazo máximo de 15 dias para informar seu desligamento da função junto ao CRBM (CRBM1, 2021).